domingo, 21 de novembro de 2010

A intrépida Ravenguinha - parte #2

No capítulo anterior: A intrépida Ravenguinha - parte #1


Pois bem, após a morte do Rei Diponga, Ravenguinha voltou para Tebas e encontrou seus irmãos, Eteócles e Polinice, se estapeando pelo trono. Nesse dia, ela ficou sabendo que depois da saída humilhante de Diponga da cidade, seu tio, o sisudo Creonte, assumiu o reino, tornando-se o senhor de Tebas. 

Mas Polinice, o filho emo de Jocasta, assolado por sua obesidade mórbida, não gostou nada do assunto e tramou, enquanto ouvia Restart, Fresno, Nx Zero e Cine, um golpe de Estado para arrancar de Creonte o comando da cidade.

Ele pensou em quase tudo, só se esquecendo que Etéocles, seu irmão encrenqueiro, era o secretário de segurança de Tebas, e que, muito satisfeito com seu posto, defenderia o trono de Creonte até às dentadas, se preciso fosse.

E foi no dia do confronto entre o emoglobina Polinice e o encrenqueiro Etéocles, que Antígona, a intrépida Ravenguinha descabelada, chegou na cidade. Ela viu socos, tapas, pontapés, mordidas, escarradas, arranhões, puxões de cabelo, barrigadas, cabeçadas, chave de braço, chave de pescoço, chave de nariz, sangue... muito sangue...

Até ela levou uns tapas quando tentou separar a briga... Era uma gritaria só, até que depois de tanta luta-livre, os dois morreram de cansaço e perda de sangue.

Creonte, em sua sede de vingança, impediu que sepultassem o corpo de Polinice, primeiro pela sua traição, segundo, porque teria que mandar fazer um caixão super-hiper-mega-blaster-grande, pois o corpo era enorme, e terceiro porque seriam necessários muitos homens para carregá-lo. 

Creonte achou que era muito trabalho para um traidor e que ele seria muito mais útil como comida de urubu, condenando à morte todos aqueles que desrespeitassem o seu desejo.


No entanto, Ravenguinha, inconformada com a sorte de seu irmão emogloblina, procurou sua medrosa irmã, Ismene, no intuito de pedir-lhe ajuda para enterrar o irmão. Naquela época, não havia castigo pior do que deixar um corpo sem sepultura, pois a alma do presunto ficaria vagando por aí, sem rumo, sem destino e sem sossego.

Sabendo disso, Ravenguinha fez de tudo para enterrar Polinice, mas Creonte foi enfático em sua proibição, afirmando que mataria a própria sobrinha, caso ela tentasse desobedecer suas ordens. E então, para garantir a papinha da urubuzada, Creonte deixou vários sentinelas cuidando do corpo.

Mas era verão, aquele calorão e o cheirinho de podre foi pouco a pouco tomando conta do lugar. Os sentinelas, já com os estômagos revirados, resolveram se afastar um pouco do defunto a fim de respirar melhor, e foi nesse momento que Ravenguinha descabelada, de soslaio, começou a enterrar o corpo do irmão.

Quando os sentinelas voltaram, descobriram que alguém havia ousado jogar um pouco de terra sobre o presunto. Apavorados, rumaram ao palácio para informar o ocorrido a Creonte, que não gostou nada da notícia. Muito contrariado, o Rei mandou seus homens ficarem à espreita, para então pegarem o infrator em flagrante.

E foi assim mesmo que a coisa toda aconteceu. Ravenguinha, com seus cabelos de Ravengar ao vento, voltou e tentou jogar mais terra sobre o irmão. Ela sabia que precisaria de umas cinco caçambas de terra para terminar o serviço, mas era o seu dever... Ela estava lá, pá por pá tentando cobrir o enorme Polinice até que foi surpreendida pelos sentinelas, que satisfeitos a levaram pelos cabelos até Creonte.

Aí começou o confronto entre tio e sobrinha, um alegando a soberania de suas ordens e outro afirmando que as leis "não escritas", que as leis "sagradas" prevalecem sobre qualquer capricho de um rei vingativo. 

Foi um bate-boca daqueles... No fim, Creonte, já cansado da discussão, acabou condenando Ravenguinha à morte, tanto pela audácia quanto pela feiura. Uma de suas explicações para o decreto de morte de sua sobrinha foi a de que seu filho Hêmon, até então noivo de Ravenguinha, deveria encontrar uma mulher mais bonita e menos desbocada.

Hêmon, desesperado, implorou para o pai não matar seu grande amor. Ela podia ser feia, a cópia do Ravengar, mas para ele, ela era um pitelzinho... Apesar dos apelos do filho, Creonte, cego pela fúria, foi irredutível, confirmando a iminente morte de Antígona.

Ismene, a medrosa irmã de Ravenguinha, arrependida de não tê-la ajudado, pediu ao tio para compartilhar sua sorte, sendo as duas, mesmo contra os protestos de Antígona, levadas para a prisão.

A cidade ficou em polvorosa, todos preocupados com os últimos acontecimentos, e foi por isso que o cegueta Tirésias Mercado (Ligue Jiá), vidente charlatão (aquele mesmo que havia adivinhado que o Diponga iria matar o próprio pai e casar com a própria mãe), resolveu falar com o vingativo Creonte. Ele disse com seu portunhol enferrujado:

"Crionti, mi hijo, no puedes hacer eso, mi pressárrios dicem que debes libertar Rabengota e interrar Emoglobinus, o entonces desgracia similhante te ocurrirás. E ligue djá".

Creonte ficou possesso, a verdadeira looouuuca de bolsa, e expulsou Tirésias aos gritos do palácio: "Sai daquiiiiiii seu cegueta charlatão. Vai cantar em outra freguesia seu bobalhão!!!!!".

Tirésias Mercado quase deu de cara com a parede, pois era cego e não sabia muito bem o caminho da saída, mas por sorte conseguiu encontrar a porta do palácio antes de levar uns pontapés no traseiro, deixando para trás um Creonte irritado e temeroso.

Depois disso, o Rei de Tebas não conseguiu pensar em outra coisa: "Matar ou liberar Ravenginha, eis a questão!

Ele pensou, pensou, pensou... pensou mais um pouco e tomou uma decisão: ouvir as profecias do charlatão "Ligue jiá" e libertar sua entrépida e feiosa sobrinha.

Porém, quando ele tomou essa decisão já era tarde, Inês já era morta, ou melhor, Ravenguinha já era morta... Ela se enforcou na cela, e com ela, seu filho Hêmom, que depois de cuspir no rosto do pai, também se matou...

A desgraça chegou aos ouvidos de Eurídice, mulher de Creonte e mãe de Hêmom, que, desolada, suicidou-se de desgosto. Foi uma verdadeira carnificína...

Todos seus entes queridos haviam morrido, Creonte estava sozinho no trono por ser irredutível em suas decisões, afrontar os deuses e não dar ouvido à razão.

Ravenguinha, nossa intrépida heroína, mulher forte e decidida, ousou desafiar um homem, situação ímpensável naquela época. Morreu descabelada, acreditando ser vítima de um dever sagrado, o de prestar a última homenagem ao corpo de seu problemático irmão emoglobina, que morreu por sua ganância, mas nem por isso merecia vagar eternamente sem descanso, puxando o pé dos vivos por noites sem fim.

Todos se foram por um motivo, uns mais nobres do que os outros, mas não menos importante. Somente sobrou Creonte, que depois de tanta morte, entendeu seu erro, pena que tarde demais... Infelizmente, ele, depois de seu ataque de remorço (e de hemorróida), teve que aprender a ser justo do modo mais difícil...


Essa foi uma paródia bem humorada da obra Antígona de Sófocles - Mitologia Grega. 

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